Quando nasce um bebê, tudo é novidade. Os primeiros banhos, as fraldas trocadas, a rotina de sonecas e mamadas. A mãe e o recém-nascido estão em adaptação com o novo momento e leva um tempo até que a família inteira se sinta mais tranquila para gerenciar as tarefas diárias.
E na fase de adaptação com o bebê, a amamentação acaba sendo um ponto especial. Nem sempre é algo fácil e muitas mulheres passam por dificuldades, especialmente no início.
Por isso, conversamos com Silvia Briani, da Amamente Bem, consultora em aleitamento materno, enfermeira obstétrica e doula, para saber o que pode atrapalhar o início da amamentação e como as mães podem fazer diante das dificuldades. As dicas por si só não garantem o sucesso na hora de amamentar o bebê, afinal, existem muitos fatores que influenciam o processo. No entanto, podem contribuir na trajetória. Confira:
1 – Falta de informação
Silvia aponta que, no geral, as mulheres tem se preparado materialmente para a chegada do bebê, com preocupações referentes a enxoval, quarto, e etc. No entanto, é fundamental destacar a importância de se empoderar para o parto e também para a amamentação. Em tal ponto, a informação é primordial.
2 – Mamadeira e chupeta
A consultora destaca que os modelos culturais de criação de bebês traziam e ainda trazem a força da mamadeira e chupeta para o recém-nascido e a recém-mãe. Ela afirma: “Não é raro ver como isso é tido como o ‘natural’ na maternidade e deixou-se de ter como exemplo as mulheres da família amamentando, bem como o parto normal sendo trocado pela cesariana”. A mamadeira e a chupeta podem contribuir para um desmame precoce, pela confusão de bicos. A dica é evitar usar ambos.
3 – Pega inadequada
Silvia enfatiza que a maioria dos problemas que surgem de amamentação em si são decorrentes de um posicionamento e pega inadequados do bebê na mama. Isso pode gerar fissuras, mamas ingurgitadas, mastite, etc, como consequência de um problema na pega. Por isso, a melhor opção é procurar observar bem a pega do bebê e, se necessário, procurar ajuda de uma consultora em amamentação.
4 – Descida do leite
A apojadura, ou descida do leite, se dá normalmente entre 24 e 72 horas após o parto. Muitas vezes a produção de leite no início é excessiva em relação à demanda, então as mamas encontram-se endurecidas. Se a mãe não souber como ordenhá-las antes de amamentar, o bebê pode não conseguir uma pega correta, levando muitas vezes a fissura mamilar, ingurgitamento mamário e podendo levar a mastite em casos extremos.
Silvia afirma que sem a pega, o bebê não conseguirá mamar o que precisa, levando ao estresse dele e da mãe. A profissional ressalta que muitas mulheres terão a apojadura quando estiverem em suas casas, com aquele bebê novo, hormônios flutuantes, tensão presente, dor nas mamas e nos mamilos, e que às vezes a falta de autoconfiança materna gera uma bola de neve de efeitos que são um coquetel ideal para um “caos” nos primeiros dias em casa. “Ter dificuldades com a amamentação torna tudo muito urgente e desgastante, deixa todos muito tensos e propensos a encontrar a solução mais rápida para o problema, porém sem solucionar o problema na raiz, e aí acabam ocorrendo os desmames”, diz Silvia.
Para finalizar, a consultora evidencia uma dica fundamental para as mães: “Não se preocupe com pesos, medidas, volumes, horários, ou qualquer outra coisa mensurável ou que remeta a algum tipo de controle. Amamentação é entrega. Se entregue de coração a esse universo novo da amamentação”.